terça-feira, novembro 03, 2009

Teatro Iraquiano

Uma homenagem ao grupo da peça Saddaa ( Eco)
Al-Mahdi: O sucesso é uma vitória para a mulher e para o teatro iraquiano
Abd Al-Jaber Al-Atabi Sexta-feira, 30 de Outubro de 2009 . 16:30:00 GMT.

De Bagdá, Abd Al-Jaber Al-Atabi: O Instituto do Cinema e Teatro organizou, na manhã da última terça-feira, no Teatro Nacional, uma homenagem à equipe da peça Saddaa (Eco). O grupo teve sua heroína, a jovem Bushra Isma’il, como ganhadora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cairo para O Teatro Experimental, que se encerrou na ultima semana de outubro. A homenagem foi também para o ator Aziz Khaioon por sua longa trajetória teatral e trabalhos com flores e velas. Estiveram presentes à homenagem grupos de atores e jornalistas. Houve também uma coletiva de imprensa acompanhando a simples homenagem. Durante a coletiva, se percebia que o sangue dos mártires do domingo passado ainda estava fresco nas mentes dos participantes, como foi demonstrado pelos discursos.

No começo, o diretor geral do Instituto do Cinema e Teatro, Dr. Shafiq al-Mahdi, disse: “É esta grande instituição iraquiana que tem que devolver o teatro para a nossa vida. Aqui é o ponto dos artistas iraquianos. Quero dizer que todos nós estamos juntos como parceiros seja qual for a entidade. Nós somos mais avançados que os políticos iraquianos por construir uma nova civilização. Neste ano, assim como no ano passado, estamos recebendo um novo prêmio internacional no Festival de Cairo por nossa grande competência.

Neste ano, junto com Hatam, Bushra e Samar conseguimos entrar numa forte competição e ganhar. É uma vitória, por um lado para a corajosa mulher iraquiana Bushra que, apesar das dificuldades, levantou a bandeira iraquiana vencendo centenas de atrizes concorrentes, o que foi uma honra. Por outro lado, foi uma vitória para o teatro iraquiano. O ano de 2010 será o ano de uma volta bem forte do teatro iraquiano a vários lugares”. E acrescentou: “Nós fomos desafiados neste espetáculo com ataques não justificados devido à escolha da obra de um professor da Universidade da Basrah.

Al-Mahdi reconheceu também a importância da homenagem ao artista Aziz Khaioon ao dizer: “o segredo que o fez ser homenageado é a maravilhosa trajetória ao longo de 35 anos deste ator elegante e generoso, dono de uma carreira brilhante, que estamos celebrando com respeito e elogios. Aziz Khaioon se tornou um personagem público iraquiano por divulgar a claridade, a transparência, a honestidade e a beleza. A homenagem recebida no Festival do Cairo é mais uma vitória para o teatro iraquiano.”

O Dr.Hamid Majid Al-Jubouri comentou que o artista Aziz Khaioon foi quem o apresentou ao teatro e o ajudou. Khaioon foi o diretor da primeira peça que Al-Jubouri escreveu. Al-Jubouri disse: “ A peça Saddaa tem 25 anos de idade. Foi escrita em cinco páginas, mas quando Aziz a folheou encontrou nela muitas coisas que eu não tinha escrito. Eu a reescrevi até que ele se contentasse. A peça quase ganhou um prêmio quando participei de um festival, mas isso não aconteceu. Na ocasião, o grande artista Youssif El-Ani disse: “ Foi a única peça injustiçada”.
O artista Aziz Khaioon afirmou que: “O Festival do Cairo deve sua importância à qualidade. Foi uma grande chance para o Iraque participar deste festival e eu não estou surpreso com o resultado. Eu não digo isso como elogio, pois é assim que nós entendemos e conhecemos o Iraque, um país de pensamento iluminado, responsável e forte.
Ele acrescentou: “A participação iraquiana foi importante para o encontro entre os artistas árabes e mundiais. O Iraque chegou com seu visual, sua essência, grande carga de emoções e muita responsabilidade junto aos outros. Quero elogiar Hatim, Bushra e Samar. Este jovem cuja atuação recebeu de uma das examinadoras, uma americana, o seguinte elogio: “quando este jovem falava, meu coração disparava”. Me alegro quando me lembro do elogio. Esta distinção é uma medalha para mim. Nós devemos, sem dúvida, trabalhar juntos e não olhar para trás, nem para os patrocinadores nem para o governo. Esta é a sua terra e você precisa de qualquer forma trabalhar nela. Este prêmio não veio do nada. Estou muito otimista com o futuro.

A homenagem que recebo não é para mim, mas para Haqui El-Shibli, Ibrahim Jalal, Jasim El-Ubodi Badri Hassun Farid e As’ad Abd Al-Razaq. Também para meus professores que me apoiaram ao longo do caminho e me ensinaram a abrir meu coração para o mundo. Sem eles eu não poderia ter minhas asas e não seria o sujeito que eu sou hoje. Parte dessa homenagem também é para minha família que suportou todas as tempestades causadas por mim. Dedico àquele, o mais belo do todos nós, o Iraque, minha pátria, lar e fortuna, pois sem ele não existimos e nem existiremos. E para todo o sangue derramado.
O diretor Hatim Ouda, por seu vez, disse: “Não sei o que dizer e sobre o quê, depois da fala do nosso pai Shafiq Mahdi e do nosso outro pai Aziz Khaioon. Quero dizer que, se não fosse pelas nossas grandes tristezas, esta alegria não teria o mesmo sabor”. Ele acrescentou: “No Festival do Cairo eu percebi que o teatro iraquiano é avançado em todos os sentidos. Um teatro polêmico, persistente e moderno e que atinge vários ângulos, apesar da nossa fascinação por alguns espetáculos. Bushra Ismail disse: “Quero dizer só uma coisa. Dedico minha vitória ao povo iraquiano, ao teatro e a quem trabalha nele. Dedico também à minha família e àqueles que me parabenizaram”. O ator Samar agradeceu no seu discurso ao Instituto do Cinema e Teatro, além de todos os amigos que o apoiaram.

Depois da abertura, a equipe da peça recebeu vários jornalistas e artistas árabes para responder às perguntas. As palavras da Dra. Awatif Na’im marcaram o fim da homenagem: “Há alguns dias, alguém perguntou para um dos políticos: ‘O que o senhor acha do teatro iraquiano?’ Então, ele respondeu: ‘ Mas há um teatro iraquiano?’ Nos artistas precisamos amar uns aos outros e respeitar nossa produção. Isto sim é sinal de que o Iraque está vivo”. Ela disse também: “Chega de hipocrisia, de reclusão e de nos escondermos atrás das cenas. Precisamos ser verdadeiros para proteger nossa pátria, o Iraque, na esperança de novos anos de colheita de prêmios. Precisamos mostrar o tamanho do Iraque”.

Tradução : Khalid Tailche
Fonte: ELAPH.
http://www.elaph.com/Web/Culture/2009/10/497688.htm